Postagens

Mostrando postagens de julho, 2019
Imagem
                                                                                     50                                                              CONSELHOS DO MEU TEMPO Oi Regina! Eu sou 50. Seu tempo. Sei que comecei a falar contigo no 49 com muita verdade. Sei que você desejou me impedir de seguir. Sei que você desejou parar de contar e dar algum dos teus para quem não teve mais. Entenda. Você não pode. Ninguém pode. Sou individual de uma forma tão absoluta que você pode me achar injusto. Mas quero te pedir: aproveite-me, viva-me, não faça pausas muito longas quando ferir-se buscando e construindo os teus sonhos. Eu sei que você precisa disso para curar-se, mas, por favor, aprenda a curar-se mais rápido. Você sabe que eu começarei a significar menos força, mais habilidades e algumas fragilidades. Você terá equilíbrio se souber usar a seu favor, tudo que viveu até aqui. Respeite seus limites e divirta-se. Também estarei apressando e encorajando você
Imagem
                          Desequilíbrio Tu, ruivo de aquecer, vem com a falta de tuas rodas e sem a tua velocidade também. Teus cabelos da nuca, grudados  pelo suor, bem falaram da tua longa caminhada no sol das nove. Mostravas contrariedade segurando o capacete. Caminhar quando poderias na liberdade das tuas duas rodas, ultrapassar a barreira das tuas sensações loucas, era desconsolo. Teu sorriso explica tudo quando diz: eu já vou e... vai. Acelerando vai. Ele anunciava o desgosto para si com passos tão largos... Um deslize e tudo estava perdido. Sempre forçado a aprender que a prudencia não é opcional quando se trata de aventura em velocidade. Como pássaros presos dentro do peito, a vontade de viver a liberdade plena, sempre faz com que empurre o pedal abrindo sua gaiola e o ronco vem a seguir dando a chance de mais uma revoada. Não faz força pra respirar porque nem lembra que respira, apenas vive encurtando as distancias e os tempos. Quando chega é como pouso.
Imagem
                                                         A memória, o crivo e o pão E no Alto Ribeirão, passei alguns dias cozinhando para minha mãe. Depois de sovar muito bem a massa do pão e os pulsos ficarem doendo, lavei as mãos na torneira de água bem quente porque a massa era grudenta e terminei todas as tarefas que havia proposto para fazer. Depois de tantas panelas, tantos aromas, tantos sabores... Enfim, respirei bem fundo, lavei o rosto e me olhei no espelho do banheiro arrumando os cabelos. Minhas linhas de expressão não agradavam muito, mas sorri, dando afeto a mim mesma, compreendendo o quanto precisava do meu próprio sorriso. As linhas apareceram no decorrer dos anos e percebi o quão desatenta fui comigo. Agora linha após linha, escrevo meus pensamentos, sentimentos... Alguma coisa inventada, outras recolho ao redor e sirvo. Sirvo. Como quem prepara um bom prato, com temperos diversos de agradecimento e muita apreciação no tempo que tudo leva para f
Imagem
                                                            CONTROLE Precisa-se de auto-controle: Para receber informações irritantes como picada de inseto. Para ser testado ao responder e fazer perguntas. Às vezes não estando pronto também para as respostas prontas que não agradam muito. E... Tem sempre alguém querendo "controle", "poder"... Mas o que todo ser humano deseja é estar seguro afinal. Nossas dores nos assustam e nosso universo interior nunca esteve tão camuflado em tantos cliques. Maquiar o secundário, reproduzido em cyber face, é uma especialidade contemporânea. Meditando sobre dores primárias peculiares, eis a descoberta que o alivio momentâneo que se tem quando simplesmente consegue falar da dor é relaxante, mas não é a resolução. Ao encontrar o botão da dor, a dor primária e desmanchar o processo de propagação cortando os fios que transformam a dor em comportamento incontrolável e indesejado, observe. Medite. Aceite! Não se p
Imagem
         ESPERANÇA Era uma varanda com portas de correr em madeira, difícil de abrir e de fechar de tão pesada que era. Coisa antiga que não se faz mais hoje em dia! As tardes de sol meio inclinado de inverno faziam luz diferente e o tempo passava devagar como notas de música lenta, dessas feitas para ouvir com o corpo esticado na grama e olhos fechados, respirando tranquilidade e sem nenhuma coisa na mente a não ser sensação de paz absoluta. Tudo que tinha brilho, brilhava. O que não tinha poderia até brilhar dependendo do enredo. O baú do canto, perto do espelho, continha um verdadeiro universo pronto para irradiar. Muitos trajes que faziam diversas vidas saltarem para o mundo com todos os sentimentos disponíveis para quem quisesse sentir. Um baú de fantasias e roupas esquisitas. O galo cantando cedinho era sinal de esfregar os olhos e começar a vida na manhã, com cheiro de café e bolinho de frigideira. Dois ou três bolinhos no saco de papel era a delícia preferida
Imagem
                  Terror noturno Contanto que o sono lhe chegasse aos olhos, não fazia muita diferença onde descansava seus ouvidos. Somente desejava muito um profundo e relaxante, com total ausência dos gritos pavorosos que retorciam todo seu corpo durante os terríveis pesadelos. Mas conhecer o sono de alguém é muito íntimo. Ninguém se torna mais vulnerável! O sono profundo traz a maior das fragilidades e se pode transpor mundos ocultos. Fantasias, medos e segredos, prisões e mistérios. Numa faísca cerebral o retorno à lucidez. Acordado, pensa no agora. Não deseja os delírios sem controle. Não pode prescindir controlar tudo. Entra em desespero lembrando segundos que não tinham o formato exato do tempo acordado. E acordado, luta contra seu estado psíquico anterior. Descreve para si mesmo e tenta encontrar semelhanças. Como dar palavras e sentimentos reais ao irreal? Sentimentos que chegava a viver novamente e tenso, exercitava acalmá-los, pois foram literalmente
Imagem
     de volta à salvo Quando aquele som de piano tocou seu coração, ela chorou. Era uma cena de quadro antigo: seu rosto inclinado e suas mãos tocavam no vidro da janela e quase não tinha forças para olhar quando ele partia. Aquela melodia permaneceu em sua mente por todo aquele dia trazendo a imagem dele indo embora. Uma tão delicada jovem, seus cachos pendiam na testa e sobravam em volta do pescoço, por causa do coque não muito firme. Um pouco solitária e apegada à família e à casa também. Não falava muito quando estava triste, mas, em dias felizes de longe se ouvia seu riso esquisito que sempre terminava agudo e provocava mais risadas alheias. As rosas que cresciam bem cuidadas no jardim lateral, eram vistas de todas as janelas dos quartos, e não estavam abertas no dia em que a saudade enfim, começou a nascer devagarinho. As manhãs tem um poder celestial, não importa o quão velha seja a dor, as manhãs podem desfazê-las a cada segundo. Respirando fundo e bem de