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anjo do meu anjo

 anjo? você viu? você estava lá? o que você fez? anjo fizemos o melhor para as novas asas você viu você estava lá confiamos totalmente muitos sem asas e tanta luz! certeza não tinha mais anjo do meu anjo... não vi se foi quem sabe um dia quando estiver pronta meus ouvidos preparados quem sabe se o anjo não desistir que bondade essa que dói e privamos do sofrimento sofrendo ei anjo? você está aqui? você quer me contar afinal você viu quem sabe um dia com meus olhos prontos mais um giro da bola do mundo nossos corações prontos reencontraremos quem perdemos um por um anjo? claro que estou sorrindo eu os avistei de longe! reconheço pelas asas

CACHORRO MORTO

girando o pedal com força esticando a musculatura da bunda conversando com o ciático a cada pedalada curtindo o sol no rosto essa ida de uma hora esses 15 km até o trabalho um suor terapêutico mudo a marcha,  pesada, leve nem sei bem. vou aprendendo e pedalando é melhor do que ônibus bicicleta na pandemia me salva apenas eu e o pedal eu e a força eu e o suor eu e a respiração ofegante sigo mais um dia desvio dos buracos máscara também me sufoca uso sempre fica encharcada e jogo fora meu lixo de sobrevivência meu lixo obrigatório merda é como amar cerveja e odiar a lata amar o vinho e odiar a garrafa faço artes lindas com as garrafas infelizmente, bebo mais do que produzo arte continuo no meu descarte pedalo e penso penso muito observo muitas máscaras caídas e deixadas meu percurso é cheio delas algo lá na frente minha nossa! é um cachorro um cachorro morto marrom será que está mesmo morto passarei por ele  ainda está longe se aproxima a cada pedalada será que tem sangue lá? tripas pra

Aquariano

 E aí a vida me trás um aquariano preciso exato conciso te dou meu insta você me segue te sigo mais me interesso uau intenso o que tu vês quero que tu te interesses capricho nas fotos és bom nisso eu não muito registro banalidades quero teu like espero por teu momento on line quero ver se está verde para seguir  oi? nem tanto tá ai? quero conversa sucinto tá bom outra bolinha insistente voce quer nude e agora? tenho 51 moço! noites on line preciso dormir trabalho duro ninguém sabe o quanto trabalho disfarço flacidez no fim da conversa percebo meus 51 são tão preciosos! meninos tolos. Ei! Aquariano você ainda está aí? Quantos anos você disse que tem? 54  Ufa! Que bom! Então... Quem é você?

MINHA BUNDA

 Acabei me convencendo de que... Não, não. Não estou totalmente convencida, que pena! Mas não importa! Estava prestes a deitar no sol com um biquíni minúsculo, para bronzear minha bunda e sucumbi. Fui procurar meu caderno para escrever e... Sabe o que aconteceu?  Meus amigos, encontrei anotações não publicadas. Passei algum tempo tentando lembrar do contexto vivido que me fez escrever essas coisas. Não sei! Mas confiando em minha inteligência mediana e fingida, acho que vou meter goela abaixo de quem quiser ler. No demais, os não apreciadores, nem se dão ao trabalho de me xingar quando não gostam. O que me leva a crer que realmente escrevo para mim mesma, servindo-me do meu banquete ou de meu pão bolorento. Eis o texto: A informação teria por obrigação literal,  informar com imparcialidade. Esclarecendo que quando falo de informação, penso em "notícia". Mas penso que a informação se submete ao informador que, por mais imparcial que seja, intimamente, anonimamente, pincela um

Janelas

  Mas e a dor? A dor pensante se resolve com dor falante? Mastigar e remoer a dor traz uma má digestão de mágoas? Mas e a dor? A dor de odiar é acreditar não ter outra opção? Com o quê se parece o ódio? Ele se parece com um palanque enferrujado e podre? Corroendo-se enquanto se confia nele, acreditando que nos dá algum suporte... Mas e a dor? A dor de compactar? Compactar palavras não ditas, que lutam dentro da cabeça? Tudo parece querer explodir? Então? Mas e a dor? A dor precisa de janelas! Janelas dos olhos que procurem ver as belezas em toda parte! Janelas dos ouvidos que procurem o silencio mais do que os sons! Janelas dos narizes que procurem o perfume de cada flor! Janelas das bocas incansáveis a procura de melhores palavras para cada dia! Abra suas janelas!

Palavras

  exatas e exaustas sopram e sugam vazam e vagam saciam e maquiam tampam e sangram soam e voam apertam e despertam libertam e consertam desejam e despejam estalam e embalam espremem e deprimem claras e raras reles e peles ditos e ritos mitos e fitos jorram e forram breves e leves saltam e faltam enchem e mentem sentem e prendem vacilam e destilam alcançam e balançam costumam e perfumam curam e furam saturam e duram flutuam e acabam

Sinfonia Natural

 SINFONIA NATURAL Um voo por sobre a casa. Enquanto voa, ele não canta. Escolhe o lugar e pousa. Pousa e começa a distribuir seus sons pelo universo que o cerca. O canto cadenciado chama outros passarinhos. Outra pauta para os estalos sincronizados dos sapos. Outro sopro, um som  grave. Outro pássaro que se ouve ao fundo parece emitir uma única nota que vem e vai,  sempre respeitando seu próprio tempo. E se não posso mais ouvi-lo é porque levantou voo. Quebrando a harmonia, o ronco dos carros que passam na geral. E o vento traz algumas melodias aleatórias, humanas, risadas, vozes, sons eletrônicos... Mas a sinfonia natural sempre vence, prevalece, continua... E toma a frente outro pássaro! Amo tanto sem saber nomes e reconhecer os devidos cantos! Apreciar sem especialidade alguma, minha especialidade! Sentir o mundo natural e amá-lo, sem pretensão alguma de tentar explicá-lo, também minha especialidade. Agora, galos enciumados, às três horas da tarde, também pincelam com seu repertório