Postagens

Mostrando postagens de outubro, 2019
Imagem
                                                         Crônicas da Rainha Aquela casa tinha o jardim mais florido e bem cuidado da arborizada rua. Uma rua de casas escondidas e a maioria delas  camuflava-se perfeitamente entre o matagal e as velhas árvores barbudas e cinzentas. Era uma rua de chão batido que serpenteava morro abaixo, com flores que cresciam espontaneamente nas beiradas daquelas esquinas inclinadas de pequenos bosques não habitados. Até chegar na casa branca com janelas de vidros quadradinhos e seu frondoso jardim, era assim mesmo. Qualquer um enfrentava os solavancos dos buracos ao longo da estrada. Os sulcos deixados pelas chuvas pareciam mesmo uma obra de artista contemporâneo e mudavam seus desenhos a cada aguaceiro.                Mas quando o sol despertava e seus raios brilhantes clareavam a pequena casa, ouvia-se um cantarolar afinado, ritmado e sem palavras, repartindo o tempo com o canto dos pássaros. Apenas os sons nasais vibravam
                     Disfarce Era uma vez um homem que caminhava muito. Ele pensava em sua vida e nas coisas que tinha feito. Muitas coisas ele não acertou, foram erros e outras ele acertou, foram acertos. Em cada passo ele tinha bastante coisa pra pensar. Alguns de seus arrependimentos visitavam seus pensamentos constantemente. No final do dia os goles o entorpeciam e aquilo que ele não conseguia apagar ou aceitar o assombrava. Nem todas as marcas podem ser apagadas. Algumas marcas trazem beleza e outras não. Ele desenvolveu habilidade com pessoas pois o seu trabalho o obrigava a fazer perguntas. Ás vezes uma pequena pergunta inicia longas conversas e ele conseguiu formar uma coleção de histórias. Diariamente tinha que vencer sua jornada de passos. Solitário nas longas estradas, cada passo o fazia pensar. Mas algo interessante ele tinha de nobre, ele alegrava as pessoas. Sua coleção de histórias era repleta de situações engraçadas e ele tinha um jeito de contá-las
Imagem
                                                                                                                                          Barulho do mar Olhar  o mar sem pressa. Fechar os os olhos e ouvir o barulho. O mar tem uma cadência, um ritmo... É grave quando quebra a onda e um rufar contínuo que termina no chiado da espuma. Mesmo quando se ouve a onda quebrar, o rufar permanece e o chiado também. É um som sobre outro sempre no ritmo. Quando focamos nas espumas o chiado fica mais alto, mais importante e nossos olhos estão olhando aquelas milhares de bolhas estourando. Estamos prestando atenção nas bolhas e pensamos que o som delas é mais alto. Então temos o controle do volume do mar? Temos o controle da intensidade do som das águas? Nós nos focamos e nos concentramos e então tudo muda num instante. É como o tempo, nunca pára. Por mais brando que seja o movimento do mar, ele nunca pára. O tempo também, ele não pára de passar por nós e em nós. Dentro
Imagem
                                                                                                                                  Sinal de fumaça               Uma pequena população ouviu um ruído constante desde que elas começaram a queimar. Pacientemente, as mensagens sendo enviadas, encheram uma vasta área da atmosfera. Um sinal de fumaça para quem não sabe ouvir. Torna-se mais fácil quando pensamos que é apenas estupidez. Mas tratamos como uma deficiência auditiva e sinais visíveis foram enviados. Ás vezes gritamos para que a mensagem seja recebida. As árvores úmidas, bem próximas umas das outras, parecem um exército. Apenas finos raios de sol atravessam para dar luz àquela tropa. Imóveis como muita gente, inofensivas e ocupando um espaço desejado por outros. Essas não foram plantadas por mãos, foram sementes trazidas em ondas de vento, em voos de pássaros, em rajadas de tempestades. Milhares não poderão ver, tornarão os espaços maiores, vazios de verde  e os