Quebrado, garapuvu?






Então te quebraste, garapuvu?
Não viraste canoa, nem remo, nem gamela, nem prato?
O vento te quebrou e agora tu nada és!
Ainda belo e robusto, o sol te beija e tu és grosso e forte!
Não te deixas abater e teus rebentos ainda insistem em conhecer a luz do dia.
Poderias ter sido provado, poderias ter sido podado.
Mas o vento pra ti foi instrumento sem precisão,
deixando aparente, tuas farpas e teus galhos quebrados,
pendurados ou caídos pelo chão.
Garapuvu procuro tua rima, teu ânimo e tua força!
És belo pra nós!
És fonte de vida e navegaste em forma de barcos, bateiras e canoas.
Ancestral e preferido dos indígenas, preferido meu!
Te amo belo garapuvu!
E agora me compadeço de tuas secas veias!
Tuas rachaduras!
Ah! O ciclone fez isso contigo!
Tão belo e ainda, os parasitas insistentemente povoam tuas forquilhas
sugando tua seiva e a pouca vida que há em ti.
Como eu de muitas faces, também tu garapuvu
Sendo estrela também Estela és tu também bacuruvu,
Faveira pra doce mel, grudenta robusta
Gapuruvu, garapuvu, guarapuvu, pau-de-vintém,
Pataqueira, pau-de-canoa, paricá e pau-de-tamanco.
Nem preciso saber de tanto.
Frondoso me basta!
Quero vento ver em ti bater, belo!
Ciclone que te quebra em força dele,
Nem sabe força grande tua...
Não mais quero deixar de te olhar!
Geras em mim esperança profunda,
quando fecundo em brotos,
te fartas depois de caído.
Mesmo quebrado ainda te amo!
E de um grosso talo farpento
te fazes crescer bem mais!

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