Homem do céu




Um ser tempestuoso e contido.
Paixão que acelera plana ou circular,
inclina-se e desprende-se caindo aos rodopios.
Conhecendo o sentido dos ventos que diferem-se em cada hemisfério.
Ares seduzem ases.
Menos densos elevam-se, mais densos rebaixam-se.
Toma para si o controle.
A segunda chance ao alcance das mãos.
Pode ser presente o tempo todo!
A chance de deixar viver e voar.
O amor é como uma semente.
Sementes viajam no ventre dos pássaros.
Fertilizam terras distantes e ilhas.
Podem brotar, capturadas, semeadas por negros olhos.
Contemplo, tão belos.
Obra única, nau deriva e me cativa.
Ventos que te trazem e te levam...
Os traços da nau revelam muito mais.
E porque não desenhaste asas?
Sabias que amo naus?
Tempestade?
Meu barômetro sucumbiu.
Sem pressão alguma bela sedução.
Um par de olhos negros, profundos!
Um voo transitório.
Consumada força.
Me esvai.
Nada indefeso, tu.
Pura coragem nos céus.
Me fascina.
Tremo ao entesar.
Nada seguro, homem do céu!
E o descarte, onde fica?
Admiras?
O descarte alheio magnetiza-me
e o objeto indefeso me atrai.
Existe frieza ao optar pela não-vida?
Existe absoluto ao optar pelas pressões dos ares?
O permanecer sempre grita.
Inanimados gritam para mim, como asas para ti.
Tem voz e o grito é na mente gerando ação imediata.
Até que os sentidos completados com novas formas,
absorvidos com toda sede de viver, soltos, liberados,
avançam para o esplendor atmosférico da transformação.
Prazer total de viver!
Se sangue pulsasse nos inanimados caídos
e desprezados que encontro, se memória povoasse,
não sendo a minha, o menor fragmento de dor provocaria fuga.
És assim, homem do céu?
Por isso temes o amor?
A dor te provoca a fuga?
Mas os vivos sempre fogem, contrariando a sensatez.
Na instabilidade gerada pelo processo de convecção,
a fuga dos ventos percorrem longas distâncias.
Alimentados pela umidade se tornam rápidos e fortes.
És como o vento, homem do céu?
Quem ama menos manda na relação?*
Baseando a tese na força de fuga inexistente,
a apropriação está em minhas mãos, sem controle algum e nenhum poder sequer.
Posso ter sido inanimada(pulsante), sem desejo algum de fuga.
Homem do céu com sua mente objetiva,
controlou-me completamente,
em voos circulares e queda livre,
libertou-me em seu desejo absoluto.
E um voo é apenas perfeito, com uma tranquila aterrissagem.
Quer uma pista?
Pouse, homem do céu!




* homem do céu, na segunda taça


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