A forquilha da cabeça da corvina




Então!
A gente sempre tem aquelas histórias que ouve dos familiares e quanto mais bizarras e estranhas, melhores elas são de contar.
E nesse domingo de inverno, manhã de sol lindo, Ribeirão da Ilha perfumando comidas em todas as casas.
Dia bom de fumaçar fogão e panelas, jogar conversa fora e contar boas consistentes mentiras.
Lembro da mãe contando da façanha do tio Arnoldo.
Diz ela que o esganado chupada com gosto a cabeça da corvina e lá se foi a espinha pra goela.
A forquilha espetou de tal jeito que o "zoiúdo" não engolia nem cuspia.
Nada pra fora e nada pra dentro.
Ficou tentando de todo jeito tirar e os dedos alheios, visitaram as profundezas da garganta do Arnoldo sem sucesso.
Segundo relatou a fidedigna Zeza(minha mãe) e isso é a mais pura verdade,
o desespero tomou conta do tio Arnoldo, que achava que ia morrer com a forquilha da cabeça da corvina na goela.
E lá pelas tantas, como não conseguia engolir, convenceu-se de que tudo estava terminado.
Pensava o tio Arnoldo:
Vou morrer de fome, isso não tem solução e vou ter que esperar pela morte.
Uma brilhante ideia encurtou o triste fim de Arnoldo e a mãe conta detalhadamente e com requintes de crueldade.
Mas sempre esperando a gente perguntar:
-O que aconteceu mãe?
Arnoldo pensou: -Já que vou morrer, vou formar uma carreira (tradução:sair correndo) e vou dar com a cabeça na parede.
Vou quebrar minha cabeça e me matar.
E assim fez o moribundo engasgado.
Curvou-se como boi brasino e correu em direção à parede.
Nessa parte a Zeza já não consegue segurar a risada peitoral fracionada.
É como como consigo descrever o riso grosso, que a Zoê tenta segurar, quando não quer liberar logo de uma vez.
O Arnoldo coitado, deu com tanta força com a cabeça na parede, que a espinha do peixe voou longe.
Não sei de vocês, mas a cena que minha mente me permite construir, é hilária e podem acreditar,
é absolutamente verdade.

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