Belas amarelas!

Um anzol chamado arrependimento que
muda o meu pensamento e minha percepção.
Mas, apenas o desejo de pegar de volta o que joguei fora, é
como tentar colar pedaços que não encaixam mais.
Observo admirada, muitos processos.
Odeio conselhos, mas ouço.
Jogo coisas fora tão rápido quanto acumulo.
É frustrante e inconstante pois, reconheço meus exageros leoninos.
Me vejo em absoluta coragem quando jogo fora.
Apago, descarto, elimino, bloqueio.
A força da decisão me ergue
e imponente me convenço de que nunca mais voltarei a acumular.
Convenço-me de quão sensata e empoderada fui.
E busco o que obviamente encherá a lixeira em tempo indeterminado.
E se não busco, o sentimento de inquietação me lembra todo o descarte.
Arrependimento parcial, é anzol pronto para pescar de volta.
Onde foi que joguei?
Quero novamente, onde está?
Olho para a janela e acima da mesa de vidro estão elas.
As flores que colhi, belas e amarelas.
Examino o tom de hoje e comparo com o tom que tinham,
quando as colhi num dia feliz.
Elas eram amarelas e vivas.
Miúdas, espigadas, como um ramo, como a mão de uma nobre dama.
A dama elegante que estende a mão para ser beijada.
Eu as vi no meio do pasto e as amei.
Embelezaram!
Deixei em vários lugares admirando contraste no ambiente.
Não voltarão a ser daquele jeito, como no momento que as colhi.
Mas, continuam embelezando porque eu ainda as vejo vaidosas.
Elas me atraem com a nova beleza e
envelhecem suavemente.
É tolice admirá-las lembrando das cores que tinham, você não acha?
Elas também são belas agora!
As flores viraram plumas.
Elas secaram e continuaram lindas!
Não pude descartá-las, pois admirei o processo.
Outro tom, outra cor, outra textura.
Cortei a nutrição, cortei a vida delas.
Capturei-as.
Minhas belas amarelas.
Continuam lindas!
A memória pode voltar no momento que as vi, balançando vivas.
Mas não posso dar vida a elas.
Que arrogância!
Puro egoísmo!
Olhei para o pasto.
Haviam outras.
Ainda estão lá.
São iguais as cortadas.
Aquelas permanecem no vento, permanecem ligadas, conectadas.
Elas nem precisam mais, são plumas também.
Podem voar ao vento se apenas se desprenderem, que bobas!
Por que não voam?
Não foram cortadas e permanecem.
Não foram cortadas e não voam.
Não foram cortadas e balançam despreocupadas.
Tento encontrar um final lógico e sensato.
Mas, as cortadas que agora são plumas, balançam no vaso.


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