Vistoso e elegante ritual

Que animal seria tão apegado à casa
passeando indiferente cheio de sua empáfia.
Ainda com ar de desdém se esfrega em tudo
mas tem seus lugares escolhidos para enfiar as garras.
Traz consigo todos os choros, um pra cada ocasião e
preguiça nos olhos piscando muito devagar.
Contrariada aciona dispositivos de som pra conseguir o que quer.
Um dialeto propenso, sempre nada ingênuo.
O sol é seu amigo que aquece e quase um alimento,
que a faz ronronar esticada depois do banho de língua.
Pende a cabeça quando escolhe um lugar alto pra dormir,
só pra mostrar que tem todos os lugares em seu domínio.
A barriga vazia sinaliza sempre o começo do espetáculo.
Jamais deixa o exagero de sua elegância
e nem se importa com sua estirpe:
uma gata vira-lata resgatada num cano de uma obra,
em puro desespero que um coração amoroso trouxe pra casa.
Agora domina o ambiente e passeia como fosse os jardins de um palácio.
Na verdade seu reinado beira as extremidades do comedimento
e seu equilíbrio irritante, faz ressaltar suas habilidades,
sendo encontrada em lugares fortuitos só para exibir sua ousadia.
Até chega a expressar um ar de:
-Puf, reles humanos!!
Seria mesmo um ser notável e sua existência magistral,
não fosse a pestilência da sua titica,
que aliás vem ao mundo exterior num vistoso e elegante ritual.
Cheirando aqui e ali para assegurar que não vai encontrar seu tesouro escondido,
quando escolhe faz pose de Yoga e terminando o feitio
puxa a terra pra cima com toda altivez natural da espécie.
Ainda é pouco dizer que uma gata pelancuda de pelagem nada extravagante,
teve a maior sorte do mundo. Aqui em casa é amada por demais!
Mas é folgada coisa que parece!

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